Eu estava muito feliz, pois finalmente estava com meu irmão, eu pedi tanto a Deus que o fizesse voltar... Ele estava diferente mais alto e forte e tinha uma espada maneira, alem de uma noção de localização impressionante, parecia que ele passava por aquelas árvores todos os dias, o que me deixou constrangido (mesmo passando por ali todos os dias conseguira me perder a 30 minutos), em pouco tempo já estávamos de volta à estrada.
Pelo caminho Azael me contou várias de suas aventuras, ele já lutou contra vários monstros muito mais perigosos que aqueles lobos, passou por várias missões por Izlude, a capital dos espadachins antes de se tornar um templário ele até tem permissão para falar diretamente com o rei Tristan III e falou que na cidade grande há muitas pessoas assim como ele, que adentram no Continente afim ter grandes aventuras.
A dois quilômetros de nós uma mulher estava estendendo roupas, nos aproximamos um pouco e ela nos avistou, era muito longe para ver direito, mas deu para perceber que ela tinha uma pele clara, o cabelo estava coberto por um lenço e usava roupas velhas, uma saia marrom e uma camisa que um dia já foi branca. Ela olhou para nós.
─ MICAEL! Gritou a mulher tão alto que até um surdo poderia ouvir do outro lado da Terra, essa era a marca registrada dela Senhora Elizabeth Christine, minha mãe.
Ela correu para a minha direção, o que me deixou com muito mais medo do que se eu estivesse rodeado de lobos famintos e sanguinários, e eu já provei dessa experiência, me virei para correr, mas antes que eu desse o primeiro passo senti algo acertar nas costas me virei e minha mãe estava de pé na minha frente tão furiosa que do chão eu podia sentir a sua respiração. Ela me levantou e tirou a poeira da minha roupa, então começou a chorar e beijar minha bochecha.
─ Pensei que estivesse morto. Meu bebê esta bem! Você se atrasou para o almoço e...
─ Mãe esta me constrangendo! E eu não sou mais um bebê! ─ a cortei.
Ela olhou para o lado e percebeu Azael, tocou em seu rosto e seus olhos novamente se encheram de lágrimas.
─ Oi mamãe! ─ disse Azael com o sorriso no rosto.
─ Aza... ─ Minha mãe desmaiou após isso.
Algum tempo depois...
Levamos minha mãe para o quarto dela, a deitamos na cama e fomos para Cozinha-Sala-de-Estar almoçar. Minhas costas estavam doendo, fiquei imaginando o que havia me acertado.
3 |
─ Sim... ─ choraminguei.
─ Me deixa ver isso. ─ Azael chegou perto, examinou minhas costas e com pinta de médico disse ─ é... Aquilo fez um enorme hematoma em você, acho que posso fazer algo... ─ ele se afastou um pouco e estendeu as mãos para frente e apontou com as palmas para mim, pensei que ele estava louco, ou achando que eu iria cair numa daquelas historinhas de bebê do estilo “dorme que a fome passa”. ─ Curar ─ Após ele dizer isso minha dor parou instantaneamente.
─ C... Como você fez isso? ─ perguntei atônito.
─ Um dia talvez você saberá. ─ Ele me respondeu com um largo sorriso. ─ agora vamos comer esse peixe parece estar delicioso!
Após o almoço...
Meu irmão me contava sobre uma das suas histórias quando minha mãe acordou, se dirigiu para nós pisando forte no chão (sinal que ela estava com raiva), e virou-se para meu irmão com um olhar sombrio.
─ O que você veio fazer aqui?
─ Visitar a minha mãe e meu querido irmãozinho! ─ respondeu Azael.
─ Para com esse teatro eu já sei sobre ele. ─ ela desabafou meio pensativa.
─ Esta bem! Você venceu... Vim aqui para pedir a sua...
─ Não. Essa é a minha resposta final ─ cortou ela
─ Você é a única que pode me ajudar e...
─ Você não sabe o que significa a palavra NÃO?
─ MEUS AMIGOS IRÃO MORRER! ─ Gritou Azael desesperado.
─ Porque eles entraram na área dele? ─ indagou desconfiada.
─ Eu não sei! Eu só...
─ Saia daqui! Não estou interessada em fazer caridade aos seus amigos!
Foi a primeira vez que vi minha mãe dizendo “não” a alguém sem motivo algum, ela estava tão convicta da sua resposta que resolvi me intrometer.
─ Do que vocês estão falando? Quem é o “cara” que vai matar os amigos de Azael?
─ O Bafomé... ─ respondeu Azael olhando para o chão.
4 |
─ O Ba... Mas ele realmente existe? Quero dizer não são apenas histórias? ─ Perguntei atônito.
─ As histórias são uma farsa... Elas existem há anos, só para evitar que alguém se aproxime do território dele. São histórias para assustar crianças, mas ele é sim a coisa mais assustadora em Payon. Uma gigante massa de energia monstruosa aglomerada em um único ser... ─ falou Azael e eu fingi que tinha entendido, mas de qualquer jeito suas palavras me fizeram engolir o seco.
─ Mas por que mamãe não que ir te ajudar Azael? ─ novamente perguntei.
─ Pergunte a ela... ─ ele a olhou como se já soubesse o porquê.
─ Mãe, você é uma poderosa sacerdotisa...
─ Sumo sacerdotisa ─ Cortou Azael.
─ Isso... Porque você não vai ajudá-los, a senhora consegue salvar pessoas com doenças em reta final... Porque a senhora não pode salvá-los? ─ Depois de ver poeira virar fogo, escudos bumerangues e lobos gigantes eu já estava acreditando em tudo.
─ Filho há coisas que nós somos obrigados a não fazer, para o bem de todos... ─ ela me respondeu com um sorriso.
─ Mas eles poderão morrer tenha compaixão! ─ me virei e me dirigir à porta ─ Azael vamos seus amigos não podem esperar! É lua cheia se alguma coisa nas lendas for verdade o Bafomé irá aparecer daqui a pouco...
Azael limpou as lágrimas e colocou a mão nos meus ombros dizendo “você não precisa ir, é muito perigoso”, mas o ignorei e fui para fora e disse ─ Se minha mãe não vai, eu irei ajudá-los. ─Quando eu já estava próximo da mata senti que estava ficando mais lento, meio que andando em câmera lenta, logo após minha mãe me gritou.
─ Micael, você não vai a lugar nenhum! Volte já aqui.
─ Já está na hora de ele decidir o próprio destino... ─ Respondeu Azael.
─Voltem agora por bem ou por mal. ─ falou novamente minha mãe, apontando a palma das mãos para nós.
─ Droga... ─ exclamou meu irmão, levou a mão à boca e assobiou, logo após desembainhou a espada que começou a brilhar uma luz branca.
─ Luz... ─ falou sombriamente minha mãe.
─ Cruz... ─ simultaneamente falou meu irmão.
─ Divina! ─ completou minha mãe,
─ Divinum! ─ completou Azael,
5 |
Fechei os olhos por um segundo por causa dos fortes ventos provocados pela explosão. E senti meu corpo subindo rapidamente... Abri os olhos e me vi sentado no lombo de uma criatura estranha a 200 metros do chão, era uma enorme ave com a anatomia de um avestruz só que muito maior, com pernas grossas e um bico grande, curvado e colorido, tinha penas amarelas abaixo de uma armadura de aço.
─ Aaaaahhh! ─ gritei impulsivamente
─ Peco! Peco! ─ grunhiu a criatura, com a voz daqueles ursinhos de pelúcia que quando apertamos sai um som agudo.
─ Calma. Essa aqui é a nossa montaria, um peco-peco ele é muito mais rápido que um cavalo, seu nome é Gou, o mais rápido peco-peco de Prontera.
─ Impressionante! Quer dizer que essa criatura consegue voar mesmo com essas asas tão desproporcionais ao corpo.
─ Não isso foi apenas um salto do Gou, ele esta de asas abertas porque ele gosta de fingir que sabe voar... ─ respondeu Azael
─ E como nós vamos desceeeeeeeeer?! ─ antes que eu pudesse completar a minha frase nós caímos direto, meu coração pareceu sair pela boca. Mas Gou se apoiou em um galho e saltou novamente. ─ Faça ele parar! ─ choraminguei
─ Não posso, temos que permanecer assim, para nossa mãe não poder nos alcançar, Sacerdotes podem aumentar a própria velocidade ao extremo e Sumo Sacerdotes ainda mais, e para piorar ela reduziu a nossa velocidade... Permaneceremos assim até chegarmos à área do Bafomé. ─ novamente fingi entender o que ele acabara de falar. Olhei para traz e vi algo que me impressionou mais ainda, havia uma cratera de mais ou menos 500 metros quadrados no formato de uma cruz onde antes era a minha casa.
─ Agora entendi porque você quer correr, se uma Sumo Sacerdotisa pode fazer aquilo é melhor nós irmos o mais longe possível! ─ falei quase que gritando no ouvido de Azael ─ Gou só tenta ir mais suave, por favor! ─ Como se uma ave entendesse o que eu estava falando, mas o peco-peco fez o sinal de entendido.
6 |
Senti um calafrio que diferente, e não vinha da sensação de estar caindo em linha reta. Algo muito maligno estava à nossa frente.